terça-feira, 16 de abril de 2013

Sobre amor, ódio e Jornalismo


Jornalismo bom é feito com amor. Na realidade, é o amor (e a falta dele) que rege toda essa relação de pautas, notícias, entrevistados, deadline, diagramação, artigos, charges e tudo o mais.
Amor pelo jornalismo em si, pela profissão, pelo desconhecido, por aprender coisas novas, pelo café nosso de todas as noites, pelo sentimento de ser capaz de mudar alguma coisa, por ver o trabalho finalizado, pelo nosso nome impresso no jornal, pelo ato de escrever, por ver as pessoas lerem o jornal e gostarem do nosso texto, ou detestarem... Amor pelo desafio de viver um dia diferente do outro e aprender muita coisa que sem o jornalismo a gente jamais aprenderia.
Por outro lado, temos o desamor por nós mesmos. O jornalista, em toda essa relação, é quem mais é deixado de lado. Quando optamos por amar a profissão e tentar fazê-la do melhor jeito possível, acabamos colocando de lado o nosso sono, aquela festa maravilhosa que será substituída por uma coletiva com um político chatíssimo, a família, a pessoa amada, os amigos, a vaidade, a nossa saúde (gastrite, aqui vai mais uma leva de futuros jornalistas!), a ambição financeira... Enfim, a vida acaba sendo regida pela profissão.
Somos levados por uma relação de amor e ódio com o tempo. Por um lado, ele nos traz experiência, conhecimento e destreza na prática da profissão. No entanto, vivemos assombrados pelo fantasma do prazo, que está sempre ali na espreita. É o tempo que nos faz pensar no trabalho 24 horas por dia e sonhar com o editor te dando uma bronca por estourar o prazo. Quem nunca ouviu a seguinte reclamação: “Caramba, você não sabe falar de outra coisa? É só jornalismo o tempo inteiro... Vira o disco!”.
No entanto, apesar de tudo que a gente acaba tendo que passar, o jornalismo ainda é apaixonante. Deve existir nele algo de alucinógeno, que definitivamente causa uma dependência muito maior que todas essas substâncias que alteram a consciência. Como exemplo disso, temos os editores do Questão de Ordem trabalhando religiosamente no domingo à noite (e Dia do Jornalista), cantando aos berros no carro, sorrindo muito e jantando em um restaurante conversando sobre... Jornalismo!

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