José Mauro de Vasconcelos fala que é de pedaço em pedaço em que a gente
faz a ternura. Eu sempre achei essa afirmação bonita, porém o Questão de Ordem
me fez perceber o quanto de veracidade existe nela. De fato, a ternura a gente
constrói aos pouquinhos, juntando os pedacinhos dela, diariamente, até tê-la prontinha
no final.
Apesar do sofrimento, estresse, noites mal dormidas e não dormidas,
lágrimas, surtadas, desentendimentos e tudo o mais de dificuldades que nós
enfrentamos, eu tenho um orgulho gigante em constatar que nós construímos – de
pedaço em pedaço - uma ternura forte, grandona e verdadeira. A ternura da gente
é mais bonita que a de todo mundo, porque a cola que uniu cada partezinha que a
compõe é uma mistura de sonhos em comum, admiração mútua, amizade, trabalho e
essa doença (que eu poderia chamar de vocação, mas seria mentira) pelo
jornalismo.
Eu vi, no correr desses quase dois meses de QO, cada um de nós crescendo
jornalisticamente e trabalhando pra melhorar cada dia mais. Talvez os passos
que a gente deu tenham sido pequenos (de formiga), quando observados de fora,
mas pra mim, pelo menos, eles significaram muito. A gente aprendeu, com cada
erro, a enfrentar as conseqüências dos nossos atos de frente, a apoiar uns aos
outros, a não julgar os erros alheios e a ficarmos unidos. Talvez os erros
tenham sido a parte mais importante dessa experiência.
Quando eu peguei o meu sonho de escrever, de usar o jornalismo pra tentar
ordenar essa loucura diária que eu vejo todos os dias por aí, joguei na mala e
parti de casa pra cá, eu não imaginava o quanto ia ser difícil conseguir
realizar esse sonho. E nem por um segundo pensei que ia encontrar tanta gente
incrível nessa cidade nova, tão diferente e longe da minha, mas com tanta cara
de lar. Sem sombra de dúvidas, a universidade me trouxe muitos ganhos
intelectuais, mas a parte mais importante e valiosa que ela me deu foram as
pessoas que eu encontrei e com quem eu aprendi demais.
Essa experiência serviu pra conhecer mais todos vocês e aprender a
admirar as potencialidades de cada um. E mesmo os momentos de choro, desespero,
cansaço e doença, serviram pra eu perceber que a gente é mesmo uma equipe e que
tem gente do meu lado pra qualquer parada. E agora, na reta final desse
trabalho, eu estou muito orgulhosa do quanto eu consegui evoluir, mas
principalmente, me orgulha er o crescimento de cada um de vocês. No fim, quando
toda essa loucura passar, eu sei que vou sentir falta disso tudo. Afinal de
contas, o que vai ser de mim sem conviver quase 24 horas direto com vocês, na
mesma casa, tomando café juntos, compartilhando cansaço, sofrimento, desilusões
e comidas nada saudáveis? Pelo menos eu sei que a ternura que a gente sofreu
tanto pra construir ainda vai estar aqui, pra a gente poder usar e se
aproveitar dela.
*Texto dedicado à minha turma (linda e terna) de jornalismo. Queria poder conseguir colocar pelo menos metade de tudo o que eu tenho pra falar aqui, mas no momento, tudo o que eu consegui foi esse texto.
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