O outro autor do texto é um querido, e foi realmente uma honra escrever com ele. Trabalhamos até tarde em algumas noites, mas o resultado valeu o esforço; Espero que gostem da nossa crônica:
A cor da cidade
Ontem vi no Jornal um absurdo. Em letras garrafais, bem em cima da página, estava escrito “Goiânia: a cidade mais verde do país”. Comecei a ler a reportagem e lá dizia que a capital do Goiás possui 94 m² de áreas verdes por habitante, 6 parques, 0,79 árvore por habitante e o escambal . E não parava por aí, dizia ainda que a minha João Pessoa possui SOMENTE cerca de 40 mil árvores plantadas em vias públicas e 0,06 árvore por habitante. E eles acham isso pouco?

Lembro-me que o meu primeiro beijo aconteceu embaixo do pé de jambo, bem em frente à minha casa. Semanas depois gravei meu nome e o da garota no tronco da árvore; sempre que eu passava por lá me lembrava do meu primeiro amor e do tímido beijo de minha amada. Outra vez caí de cima de uma mangueira que ficava por trás da casa da minha avó e quebrei o braço. Papai ficou uma fera, e mamãe, coitada, compadeceu-se e cuidou de mim.
Na minha rua havia também muitos pássaros, de todas as cores e espécies; e como eu adorava alimenta-los! Certa vez, atirei uma pedra em um deles, foi a primeira vez que senti remorso na minha vida.
Curioso como nada disso existe mais. Agora no lugar daquelas árvores deve haver alguma construção. Elas faziam parte da minha história, mas, e quantas outras não foram derrubadas para dar lugar a prédios e casas, e no fim a gente nem conhece quem vai morar lá.
Pensando assim, agora, não me admiro que não sejamos mais a “cidade verde” do país, isso já era de se esperar. Eu é que, com os olhos de menino, ainda pensava ver pássaros voando e pés de manga na rua; mas há muito eles não existem, pelo menos não como na época dos meus 11 anos.
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