domingo, 9 de outubro de 2011

Soneto do Amor Total


Faz tanto tempo que não escrevo aqui... Na verdade (e me desculpo por isso), esse blog se tornou um lugar de desabafo, por mais escondido e fantasiado que esteja esse desabafo. Os textos, tenho que confessar, são mais pessoais do que eu gostaria de admitir e há tempos que venho querendo escrever algo aqui, mas sempre que tento acaba saindo algo quase que repetido, ou apenas explícito demais pra ir a público. 


Hoje, no entanto, minha vontade de escrever é grande demais para ser guardada só para mim, e por mais evidente que possa ficar tudo o que há por trás destas palavras, eu não me importo, pois achei-as demasiado belas para ficarem escondidas. E ainda mais, os que amam sempre tem um espírito aventureiro e decisivo dentro de si, este mesmo que às vezes resolve tudo, e outras põe tudo a perder. Pois é movida por esse mesmíssimo espírito aventureiro que vou escrever sobre o "Soneto do Amor Total" do Vinicius de Moraes.
O soneto é tão simples... É quem sabe dentro dessa simplicidade que se esconde a beleza dos versos decassílabos, destinados apenas e tão completamente a descrever a totalidade de um amor entregue e verdadeiro.
O amor tratado no poema é puro e sem reservas. O eu lírico apenas ama, e não espera nada em troca... E foi isso que me levou a escrever esse texto, tão inconsequente e encharcado de pistas bobas e inúteis, próprias de um espírito irresponsável e adolescente que me toma todas por vezes, e sempre por culpa de uma mesma pessoa... Pistas infantis que apenas em minha fértil imaginação irão surtir algum efeito. 
Pois bem leitor, já me desviei tanto do poema do Vinícius que agora nem sei como retornar a ele, no entanto sua beleza é tamanha que não deve ser ignorada. Segue abaixo também um vídeo com o mesmo poema, lido por Maria Bethânia, é, em minha opinião, a mais bonita interpretação do mesmo que existe. Peço que vejam o vídeo, leiam o soneto e me perdoem pelos rumos que este texto tomou. 


Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.



Rio de Janeiro, 1951




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