terça-feira, 14 de julho de 2015

Uma flor nasceu!

 As notícias são tão empolgantes que mal consigo pensar em como introduzi-las. Eu, que falo pelos cotovelos, vejo-me sem encontrar palavras para expressar tudo o que me vem à mente. Não sou dada a rodeios, mas a ocasião é demasiado especial para evitá-los. Há algum tempo que me privo de dar esta boa nova.
Em algum lugar que não sei chegar, entre esses quase 800 mil habitantes dessa cidade que nunca para, há coisa bonita guardada. Há telefonema de longa duração. Há risada fácil e conversas que duram horas. Em algum lugar há brilho nos olhos, lágrimas e palavras de carinho.
Uma flor sorrateira furou o asfalto e venceu a melancolia dos crimes noturnos, dos carros solitários que passam na madrugada. Uma flor, aos poucos e muito lentamente, nasceu. Mas diferente da de Drummond, ela é bela.
E de repente, como que contagiados pela beleza daquela florzinha frágil, todos parecem mais sorridentes. Até os que não sorriem parecem mais felizes. Os feios parecem bonitos e os bonitos parecem a mais bela criação dos céus.
Quando eu menos esperava, a cidade me trouxe novidades. E não achem que exagero, pois as flores raramente florescem onde não devem. Ouvi dizer que os pássaros desistiram de migrar, apenas para ver a bela flor que nasceu aqui.
Infelizmente, eles não a verão. Faz-se necessário guardá-la para sua própria proteção. A sua fragilidade é tamanha que não pode ser exposta. Ouvi dizer que foi guardada sob uma redoma, para evitar que os olhares perversos a façam murchar. Mas eu, que vi a flor nascer, garanto que mesmo secretamente, sua beleza é a mais pura que posso conceber.