quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Hamet

- Game over. Confesso, eu tenho escrito muito pouco nesses últimos tempos... O problema é que eu tenho andado com pouco tempo e com falta de inspiração e criatividade. =T


Enfim, esse texto é sobre o famoso trecho da peça Hamlet, que a maioria das pessoas conhece como "Ser ou Não Ser". Faz muito tempo que eu quero escrever sobre isso, sempre tento, mas só hoje eu consegui. Seguem o trecho escrito e o vídeo, porém eu aconselho vocês a assistirem ao vídeo, porque o Daniel de Oliveira interpreta esse personagem como ninguém. Espero que gostem:

“Ser ou não ser – eis a questão.

Será mais nobre sofrer na alma pedradas e flechadas do destino feroz, ou pegar em armas contra o mar de angústias - e, combatendo-o, dar-lhe fim?
Morrer; dormir; Só isso.
E com sono - dizem - extinguir dores do coração e as mil mazelas naturais a que a carne é sujeita; eis uma consumação ardentemente desejável.
Morrer - dormir - dormir! Talvez sonhar. Aí está o problema! Os sonhos que virão no sono da morte quando tivermos escapado ao tumulto da vida nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão que dá à desventura uma vida tão longa.
Pois quem suportaria o açoite e os insultos do mundo, a afronta do opressor, o desdém do orgulhoso, as pontadas do amor humilhado, as delongas da lei, a prepotência do governante e o achincalhe que o homem paciente recebe dos inúteis, podendo ele próprio encontrar seu repouso com um simples punhal?
Quem agüentaria fardos gemendo e suando numa vida servil, senão por temer alguma coisa após a morte - o país não descoberto, de onde jamais voltou nenhum viajante - nos confunde a vontade, nos faz preferir e suportar os males que já temos, a fugirmos para outros que desconhecemos?
E assim a reflexão faz todos nós covardes.
E assim a força natural da decisão se transforma em fétido 
pensamento. E empreitadas de vigor e coragem, refletidas demais, saem de seu caminho, perdem o nome de ação.
Vá devagar agora bela Ofélia, Ninfa, em tuas orações sejam lembrados todos os meus pecados.”
(Hamlet, Ato III, cena I)







O que me faz gostar desse texto, é que ele fala sobre algo que as pessoas normalmente não gostam de falar: do medo da morte.
Pra mim, ter medo da morte é como ter medo do escuro. Ninguém tem medo do escuro. Na verdade, a gente tem medo do desconhecido, de não saber o que há no escuro, e a mesma coisa acontece com a morte.
E nessa empreitada a gente faz de tudo pra levar uma vida boa, longa e correta; com medo do que vamos enfrentar depois de morrer; com medo de não sabermos se vamos ou não enfrentar algo depois de morrer; ou se a nossa vida se resume aos sofrimentos, angústias, felicidades e emoções que passamos aqui.
Pois, como disse o poeta, se tivéssemos a certeza que a morte era uma coisa muito boa, quem aguentaria os fardos, o sofrimento e a labuta do dia-a-dia, sabendo que o que o esperava era muito melhor?
E, com tudo isso, nós nos pomos a refletir, "e assim a reflexão faz todos nós covardes".